De acordo com os autos, a ex-prefeita solicitou à Justiça a
revogação da sua proibição de acesso aos prédios municipais para reassumir o
comando do município após ter sido convocada em sessão extraordinária pelo
presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Arão Silva (PTC), para tomar
posse no cargo.
Na decisão, o magistrado destacou que "tendo sito
alterada a situação fatídica vivenciada pela requerente, a qual se encontra
prestes a exercer suas funções públicas ao cargo de prefeito, subscrito pelo
presidente da Câmara Municipal de Bom Jardim e prestando homenagem ao princípio
da razoabilidade, considero desnecessária a manutenção da medida restritiva,
ora impugnada".
O juiz determinou que a Câmara de Vereadores junte aos autos
a documentação da posse de Lidiane em até três dias.
O UOL tentou sem sucesso contato com Arão Silva e a defesa
de Lidiane na noite desta segunda-feira (8).
Quase um ano afastada
Lidiane está afastada da prefeitura de Bom Jardim desde o
dia 20 de agosto de 2015, quando fugiu da cidade para não ser presa pela
Polícia Federal durante a operação Éden.
Na ocasião, a polícia tentou cumprir três mandados de prisão
expedidos pela Justiça contra ela, contra o ex-marido e ex-secretário de
Assuntos Políticos, Humberto Dantas dos Santos, e contra o ex-secretário de
Agricultura, Antônio Gomes da Silva.
Santos e Silva foram presos, mas obtiveram habeas corpus no
dia 25 de setembro e respondem pelos crimes em liberdade.
Já Lidiane ficou 39 dias foragida até se entregar na
superintendência da Polícia Federal de São Luís no dia 28 de setembro.
Ela atualmente usa tornozeleira eletrônica e está
respondendo aos processos em liberdade.
A vice-prefeita de Bom Jardim, Malrinete Gralhada (PMDB),
assumiu interinamente a administração municipal no dia 28 de setembro, seguindo
liminar da 2ª Vara da Comarca de Bom Jardim.
Desvios
O grupo foi denunciado pelo MPE (Ministério Público Estado)
por desvio de recursos no valor de R$ 15 milhões destinados à educação.
Investigações apontaram que os alunos das escolas municipais
eram dispensados mais cedo das aulas por falta de merenda.
Lidiane ficou conhecida por ostentar suposta riqueza em
eventos na cidade e nas redes sociais, posando para fotos de viagens, festas,
carros e roupas caras - em 2012, ao se candidatar à prefeitura, ela declarou à
Justiça Eleitoral que não possuía bens.
A defesa de Lidiane alegou que ela teria recursos próprios
para Justificar a vida de luxo e negou que ela usou qualquer recurso o público
em benefício próprio.
O salário de R$ 12 mil que ela ganhava enquanto prefeita, os
bens deixados pelo ex-marido e um "namorado rico" explicariam a
mudança de status social dela.