Na última terça-feira (10), no apagar das luzes do governo
Dilma, foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução nº 1 da Secretaria
de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(SDA/MAPA), que autoriza a importação de grãos verdes de café provenientes do
Peru.
A importação do café peruano foi suspensa em 2015 até que a
Organização Nacional de Proteção Fitossanitária (ONPF) daquele país
apresentasse plano de trabalho ao Departamento de Sanidade Vegetal (DSV).
Existe receio que pragas que ainda não existem, ou que já
foram controladas no Brasil, sejam introduzidas no país junto com os grãos
peruanos.
A medida foi tomada sem nenhuma consulta à cadeia produtiva
do café e pegou muitos produtores de surpresa.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) taxou a medida
como “desastrosa” e “irresponsável”, uma vez que no Peru as máquinas usadas
para colheita do café são as mesmas utilizadas no manejo do cacau, e lá existe
a monília uma doença devastadora para o cacau que ainda não existe no Brasil.
Para o presidente da Comissão Técnica da Cafeicultura da
FAEP, Walter Ferreira de Lima, que representa a federação na Comissão Nacional
do Café da Confederação Nacional da Agricultura, a resolução do governo é
altamente maléfica para o cafeicultor brasileiro por dois motivos:
O primeiro é a questão sanitária já destacada pela FPA “Se
libera para a importação para o Peru, logo libera também para trazer de países
da África e da Ásia, onde há pragas ainda mais exóticas”, avalia.
O segundo motivo é a questão do preço “Você cria um sistema
que permite que os importadores manobrem ainda mais o preço do café, que não
conta com uma política eficiente de preços”, pondera.
Sobre esta questão, também foi anunciado na terça-feira,
pelo o secretário de Política Agrícola do MAPA, André Nassar, o reajuste de
7,57% nos preços mínimos dos cafés arábica e conilon, que passaram, respectivamente,
de R$ 307,00 para R$ 330,24 e de R$ 193,54 para R$ 208,19. Segundo Lima, o
valor do arábica – que não era reajustado desde 2013 - não cobre sequer o custo
de produção.