quarta-feira, 11 de maio de 2016

Governo reajusta preço mínimo do trigo abaixo do custo de produção e com quatro meses de atraso

Medida adotada tardiamente e sem divulgação da dotação orçamentária não deve alterar área de trigo no Paraná, safra está 15 % plantada.
Foi publicada na edição desta quarta-feira (11/05) no Diário Oficial da União a portaria n⁰ 92 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que reajusta o preço mínimo do trigo para safra 2016/17.
Por lei, a medida foi publicada com atraso de quatro meses, pois deveria ter sido editada em 11 de janeiro de 2016 (60 dias antes do plantio do trigo).
O Decreto-Lei 79, de 19 de dezembro de 1966, ainda vigente, instituiu as normas para a fixação de preços mínimos e execução das operações de financiamento e aquisição de produtos agropecuários, estabelecendo como regra a publicação da portaria pelo MAPA com antecedência de no mínimo 60 dias do início das épocas de plantio.
O preço mínimo do trigo no Sul passa de R$ 34,98 para R$ 38,65 a saca de 60 Kg, aumento de 10,5%, que não cobre os custos de produção. Conforme levantamento da SEAB, o custo de produção variável do trigo no Paraná passou de R$34,79 na safra passada para R$40,86 na safra atual, aumento de 17%.
Os custos de produção foram impactados pelo aumento de insumos como adubos, que subiram em média 24% no período, enquanto os herbicidas tiveram aumento de 13%.
Os custos de produção foram impactados pelo aumento de insumos como adubos, que subiram em média 24% no período, enquanto os herbicidas tiveram aumento de 13%. No Sudeste, sobe de R$ 38,49 para R$ 42,53, aumento de 10,5%.
Já no Centro-Oeste e na Bahia, o valor da saca sai de R$ 38,49 para R$ 44,26, reajuste de 15%. Os novos valores valerão a partir de julho.
Na avaliação da FAEP, a medida foi adotada tardiamente, pois o produtor paranaense de trigo faz o planejamento da safra de inverno entre novembro e janeiro e a contratação de crédito rural se concentra no período de janeiro a abril.
No Paraná, a estimativa de área de plantio em 2016 é 14% menor que ano passado, devido aos melhores preços do milho safrinha e pela ineficácia do apoio das políticas agrícolas.
A área esse ano é de 1,15 milhão de hectares, 15% já plantado, em boas condições de desenvolvimento. A produção esperada está em 3,48 milhões de toneladas.
No Brasil, a área estimada é 14% menor no levantamento de maio do IBGE, saindo de 2,4 milhões de hectares no ano passado para 2,1 milhões de hectares em 2016.
Vale lembrar que em 2015 houve quebra de produção de trigo devido principalmente às chuvas excessivas no período de colheita.
Devido a isso, apesar da redução de área, a produção prevista em 2016 é superior 5,3%, chegando a 5,8 milhões de toneladas.
Em média a produção brasileira representa 50% do consumo interno de trigo do país de 11,5 milhões de toneladas.
O trigo é o principal produto na pauta de importações do Brasil. Os outros 50% para suprir a demanda nacional são importados da Argentina, Paraguai, Uruguai, Estados Unidos e Canadá, com gastos em divisas de US$1,21 bilhão em 2015 para comprar trigo importado, equivalente a R$ 4 bilhões, considerando o dólar médio de R$3,34 no ano passado.