Aos 82 anos, o monarca disse que sofre de "muitas
limitações", por isso que será difícil para ele "continuar assumindo
responsabilidades importantes", em mensagem televisionada dirigida ao povo
japonês.
"Fico preocupado que possa se transformar em algo
difícil para mim realizar minhas responsabilidades como símbolo do Estado, como
vim fazendo até agora", disse Akihito, se referindo assim à possibilidade
de abdicar nos próximos anos.
No segundo discurso deste tipo que o monarca faz desde que
subiu ao Trono do Crisântemo em 1990, o imperador evitou se referir diretamente
a sua intenção de deixar o cargo, já que a Constituição não contempla
atualmente a sucessão em vida.
"Nos últimos anos comecei a refletir sobre meus anos
como imperador, e a contemplar minhas funções e deveres nos anos que se
aproximam", declarou Akihito em seu discurso, que foi gravado na véspera e
veiculado hoje pelas televisões japonesas.
"Após duas cirurgias e devido a minha minha idade
avançada, comecei a sentir um declive em meu estado físico (...)", reconheceu
o monarca, acrescentando que, segundo sua opinião, "não é possível
continuar reduzindo perpetuamente" as tarefas que desempenha.
A Carta Magna japonesa impede o imperador de realizar
qualquer atividade política; assim, Akihito não quis mencionar de forma
explícita possíveis planos de renúncia, pois esta tornaria necessária uma
reforma da lei para garantir a sucessão automática de Naruhito, seu herdeiro de
56 anos.
Rumores sobre abdicação
Em julho, uma reportagem da emissora pública "NHK"
informou que o imperador, que passou por uma cirurgia cardíaca e foi tratado
por um câncer de próstata nos últimos anos, teria expressado sua intenção de
abdicar em alguns anos.
Os japoneses comuns simpatizam com o desejo de Akihito de
ceder a posição ao príncipe Naruhito, mas tal medida seria inédita no Japão
moderno, e a ideia desperta uma oposição ferrenha da base conservadora do
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Ultimamente Akihito vem reduzindo suas tarefas oficiais e sendo
substituído por Naruhito.
Os conservadores já fizeram objeções à mudança na lei que
permitiria que Akihito deixasse a função, citando problemas que vão de seu
título e de um possível atrito com um novo imperador ao temor de que o próximo
passo seria um rompimento com a tradição que permitiria que mulheres se
tornassem imperatrizes.
Naruhito só tem uma filha, e como só homens podem herdar o
Trono de Crisântemo somente seu irmão, o príncipe Akishino, poderia sucedê-lo,
e depois seu sobrinho Hisahito, hoje com nove anos.
A família imperial não testemunhava o nascimento de nenhum
filho homem há mais de quatro décadas até a chegada de Hisahito, o que
desencadeou uma discussão sobre uma herança igualitária para as mulheres, uma
medida rejeitada pelos tradicionalistas ansiosos por preservar uma linhagem
masculina que acreditam remontar a mais de dois mil anos.
(Com EFE e Reuters)