segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Saúde e idade dificultam realização de minhas tarefas, diz imperador do Japão

O imperador do Japão, Akihito, afirmou nesta segunda-feira (8), em um raro discurso pela televisão, que está preocupado com a sua capacidade de cumprir com suas funções por conta de sua saúde e sua idade avançada.
Aos 82 anos, o monarca disse que sofre de "muitas limitações", por isso que será difícil para ele "continuar assumindo responsabilidades importantes", em mensagem televisionada dirigida ao povo japonês.
"Fico preocupado que possa se transformar em algo difícil para mim realizar minhas responsabilidades como símbolo do Estado, como vim fazendo até agora", disse Akihito, se referindo assim à possibilidade de abdicar nos próximos anos.
No segundo discurso deste tipo que o monarca faz desde que subiu ao Trono do Crisântemo em 1990, o imperador evitou se referir diretamente a sua intenção de deixar o cargo, já que a Constituição não contempla atualmente a sucessão em vida.
"Nos últimos anos comecei a refletir sobre meus anos como imperador, e a contemplar minhas funções e deveres nos anos que se aproximam", declarou Akihito em seu discurso, que foi gravado na véspera e veiculado hoje pelas televisões japonesas.
"Após duas cirurgias e devido a minha minha idade avançada, comecei a sentir um declive em meu estado físico (...)", reconheceu o monarca, acrescentando que, segundo sua opinião, "não é possível continuar reduzindo perpetuamente" as tarefas que desempenha.
A Carta Magna japonesa impede o imperador de realizar qualquer atividade política; assim, Akihito não quis mencionar de forma explícita possíveis planos de renúncia, pois esta tornaria necessária uma reforma da lei para garantir a sucessão automática de Naruhito, seu herdeiro de 56 anos.
Rumores sobre abdicação
Em julho, uma reportagem da emissora pública "NHK" informou que o imperador, que passou por uma cirurgia cardíaca e foi tratado por um câncer de próstata nos últimos anos, teria expressado sua intenção de abdicar em alguns anos.
Os japoneses comuns simpatizam com o desejo de Akihito de ceder a posição ao príncipe Naruhito, mas tal medida seria inédita no Japão moderno, e a ideia desperta uma oposição ferrenha da base conservadora do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
Ultimamente Akihito vem reduzindo suas tarefas oficiais e sendo substituído por Naruhito.
Os conservadores já fizeram objeções à mudança na lei que permitiria que Akihito deixasse a função, citando problemas que vão de seu título e de um possível atrito com um novo imperador ao temor de que o próximo passo seria um rompimento com a tradição que permitiria que mulheres se tornassem imperatrizes.
Naruhito só tem uma filha, e como só homens podem herdar o Trono de Crisântemo somente seu irmão, o príncipe Akishino, poderia sucedê-lo, e depois seu sobrinho Hisahito, hoje com nove anos.
A família imperial não testemunhava o nascimento de nenhum filho homem há mais de quatro décadas até a chegada de Hisahito, o que desencadeou uma discussão sobre uma herança igualitária para as mulheres, uma medida rejeitada pelos tradicionalistas ansiosos por preservar uma linhagem masculina que acreditam remontar a mais de dois mil anos.
(Com EFE e Reuters)