O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou, na minuta
preliminar de sua delação premiada, que a presidente Dilma Rousseff “sabia de
tudo de Pasadena” e que ela “me cobrava diretamente”.
Na avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU), a compra
da refinaria nos Estados Unidos teve superfaturamento de US$ 792 milhões e foi
adquirida após encaminhamento favorável da petista, quando era presidente do
Conselho de Administração da Petrobras.
Informações publicadas pelo site do jornal Folha de S.Paulo,
o acordo da delação premiada foi assinado, na última quarta-feira (18).
Antes da assinatura, a defesa de Cerveró entregou à
Procuradoria Geral da República (PGR) evidências de que o senador Delcídio
Amaral (PT-MS), junto ao banqueiro André Esteves do BTG Pactual, tentou
obstruir as investigações da operação Lava Jato e demover o ex-diretor da
Petrobras a não firmar acordo de delação com a Justiça.
Tanto Delcídio quanto Esteves foram presos pela Polícia
Federal na manhã desta quarta-feira (25).
De acordo ainda com a reportagem, as informações sobre a
minuta da delação foram repassadas pelo senador petista em reunião com o
advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, e com o filho do ex-diretor, Bernardo,
durante a discussão de um acordo em que Cerveró livraria Delcídio e o
banqueiro.
Apesar de ser um documento sigiloso, a minuta foi lida para
os participantes do encontro. O senador afirmou que Cerveró relatou que Dilma
“acompanhava tudo de perto” da refinaria de Pasadena e que fez várias reuniões
com a petista para tratar do assunto.
A delação premiada, apesar de assinada, ainda não foi
homologada pela Justiça. Nos seus depoimentos, Cerveró também teria falado que
a operação de Pasadena rendeu dinheiro para Delcídio.
O senador petista também afirmou que conversou com o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre um ministro do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) – que havia sido indicado em agosto e empossado no
fim de setembro – que poderia dar uma decisão favorável ao pedido de habeas
corpus para Cerveró e o ex-diretor Renato Duque.