sábado, 4 de julho de 2015

Apucarana tenta impedir aumento de vereadores

Projeto de iniciativa popular quer manter 11 parlamentares na próxima legislatura em vez dos 19 já aprovados em 2013
Com 129 mil habitantes, Apucarana pode contar com até 19 vereadores, mas entidades e a população defendem a manutenção das atuais 11 cadeiras na Câmara.
Apesar da resistência dos vereadores de Apucarana (Norte) que defendem o aumento de cadeiras para a próxima legislatura, o clima é de apreensão na Casa com a investida dos eleitores que devem apresentar um projeto de iniciativa popular fixando em 11 o número de parlamentares – esse é o número atual, mas no início de 2013 a Câmara decidiu ampliar para 19, valendo já em 2017.
De acordo com o presidente do Observatório Social de Apucarana, Mauro de Oliveira Carlos, a coleta de assinaturas para o projeto popular está em andamento.
Para ser aceita, a matéria deve estar embasada por, no mínimo, 5 mil assinaturas, ou seja, 5% do eleitorado apucaranense. Estima-se que consigam mais de 15 mil. Já para alterar a lei em vigor, que determina 19 vereadores na Câmara, a comunidade vai precisar de pelo menos oito votos favoráveis na Casa.
Segundo o presidente do Legislativo, José Deco de Araújo (PR), seis votos estariam praticamente certos.
"Conseguir mais dois votos, com a presença constante dos eleitores na Câmara, fazendo pressão não será tão difícil", contabilizou.
Deco, embora defenda 15 parlamentares, revelou que votará com o possível projeto popular para o recuo no número de parlamentares.
Conforme emenda constitucional de 2009, municípios que tem entre 120 mil e 160 habitantes podem chegar até a 19 parlamentares. Apucarana tem 129 mil, segundo estimativas do IBGE.
Assim que a elevação de cadeiras se tornou conhecida, a população foi às galerias cobrar a revisão da norma e uma proposta amistosa começou a ser costurada com a intermediação, inclusive do Ministério Público (MP) do Paraná, definindo 15 vereadores.
Porém, alguns parlamentares insistiram em 17 cadeiras e aí a conversa acabou, conforme o presidente do Observatório Social de Apucarana.
"Eu estava otimista com a negociação, seria uma solução democrática, mas de repente começaram a mudar o acordo e decidimos encerrar o diálogo", disse ele, lembrando que o prazo para uma solução vence em outubro, um ano antes das eleições.
Deco estava na presidência da Mesa quando a Casa aprovou o aumento para 19 cadeiras, que fazia parte de um projeto de revisão do regimento. Questionado sobre a mudança de posição agora, o vereador justificou que a situação econômica do País, "em crescimento" permitia o gasto adicional na Câmara. "Atualmente, esse aumento está na contramão da situação econômica do país. Naquela época em que aprovamos a realidade era outra."
Para o presidente do Observatório, Mauro de Oliveira Carlos, "os vereadores pensaram neles e não no povo quando aprovaram o aumento de cadeiras".
De acordo com ele, a ampliação do número de vereadores não significa aumento de representatividade popular.
"Cada vereador tem que representar toda a população e não os seus grupos." O projeto de iniciativa popular deve ser apresentado assim que os parlamentares retornarem do recesso.
Fonte: Folha de Londrina