A mais recente edição da revista inglesa The Economist traz
um artigo crítico sobre a gestão da presidente Dilma Rousseff, classificando a
petista como "O Fantasma do Planalto".
O texto fala das recentes manifestações de rua contra a
presidente e o PT, frisando que os que foram para as vias públicas já ganharam
mais do que imaginam, pois em menos de quatro meses após o início de seu
segundo mandato consecutivo Dilma continua em seu cargo, mas para muitos
efeitos práticos, não está mais no poder.
Quem comanda a economia é o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, e o PMDB detém as rédeas da política. Além disso, o seu partido, o PT,
não toma mais as decisões em Brasília.
O texto destaca as dificuldades de Dilma se manter no poder,
citando que a incendiária combinação da deterioração da economia com o grande
escândalo de corrupção na Petrobras contribuiu para derrubar seu índice de
popularidade.
E lembra a pesquisa Datafolha, divulgada no dia 11 de abril,
na qual 63% dos entrevistados se dizem favoráveis ao impeachment da presidente.
Ao falar sobre o tema, a revista diz que a oposição busca
pareceres jurídicos para saber se ela pode ser acusada em razão do escândalo da
Petrobras ou pela violação da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O texto diz que a situação atual é um grande revés para o
PT, que durante anos dominou a política brasileira graças ao ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
E que o mais dramático "nessa hemorragia do poder
presidencial" é que Dilma tem ainda pela frente quase quatro anos de
mandato.
"Nesse tempo a economia vai certamente piorar antes de
melhorar", diz a publicação, indagando se ela sobreviverá. Em outro
trecho, o artigo faz um contraponto de que como ex-guerrilheira que já sobreviveu
à tortura, dificilmente pode-se esperar que Dilma renuncie.
Apesar das duras críticas, a revista diz que o ex-presidente
tucano Fernando Henrique Cardoso, classificado de líder intelectual da
oposição, tem razão ao advertir que o impeachment neste momento seria uma
temeridade.
E argumenta que os movimentos sociais, por trás dos
protestos de rua, poderiam gastar o seu tempo nos próximos três anos promovendo
a reforma política, pressionando a Justiça para punir os responsáveis no caso
do petrolão e reinventando a moribunda oposição.
No final do texto, a The Economist questiona se Dilma
Rousseff, "quase sem amigos" e com um longo e desanimador trabalho
pela frente terá a coragem necessária para tentar recuperar o poder que perdeu.