Saulo Ohara
O auditor Ricardo de Freitas foi preso ontem na segunda fase
da Operação Publicanos
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), de Londrina, denunciou à Justiça o empresário Luiz Abi Antou, parente
do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e mais seis pessoas por formação de
organização criminosa, falsidade ideológica e fraude na contratação da oficina
Providence, de Cambé (Região Metropolitana de Londrina).
Conforme apurou a reportagem, cópia das investigações também
foram remetidas ao Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná porque surgiu
"indicativo" de eventual participação da secretária estadual da
Administração e Previdência, Dinorah Botto Portugal Nogara, que possui
prerrogativa de foro, por causa do cargo.
A Secretaria de Administração e Previdência (Seap) é
responsável por toda a frota do governo, por meio da Departamento Estadual de
Transporte Oficial (Deto), cujo ex-diretor, Ernani Delicato, está entre os
denunciados.
A denúncia, que é um desdobramento da Operação Voldemort,
deflagrada no dia 17 de março, tramita na 3ª Vara Criminal de Londrina.
O promotor de Justiça, Cláudio Esteves, não quis confirmar o
nome de Dinorah. "Pedimos a remessa de uma cópia de todo o inquérito
policial para o TJ para apurar se eventualmente houve comportamento ilícito de
pessoa detentora de foro. É uma situação ainda a ser investigada", sem dar
mais detalhes.
De acordo com o Gaeco, Abi, o mentor das irregularidades,
seria, de fato, o dono da Providence. Ismar Ieger, outro denunciado, seria
apenas o laranja da empresa, mas não deixou de ter participação na fraude:
teria conversado com os outros dois empresários que forneceram orçamentos, com
preços maiores, para justificar a dispensa de licitação e a contratação da
oficina de Cambé por R$ 1,5 milhão, no ano passado.
Os dois empresários, no entanto, afirmaram não ter elaborado
as propostas comerciais.
Também foram denunciados o advogado de Abi, José Carlos de
Lucca; o dono de uma distribuidora de combustíveis em Bandeirantes (Norte),
Paulo Roberto Midauar; também Roberto Tsuneda, sócio de Abi na empresa KLM
Brasil, que tinha ligação com a Providence; além do policial militar, Ricardo
Batista.
Não foram detalhadas as participações dos envolvidos.
Cláudio Esteves informou que serão pedidas novas diligências
para apurar se teria havido também cobrança de sobrepreço nos serviços
prestados pela oficina.
O valor que teria sido pago efetivamente pelo governo à
Providence é cerca de R$ 300 mil, segundo o Gaeco.