Nayara Figueiredo
Para auxiliar no escoamento da produção de grãos,
principalmente do Mato Grosso, o etanol de milho deve expandir como uma oportunidade
para o setor de biocombustíveis. A constatação foi feita durante a 14ª
Conferência Datagro para açúcar e etanol, em São Paulo.
Porém, lideranças sindicais da região destacam a falta de
competitividade nos valores do produto, que tem a logística a preços muito
baixos em mercados pouco promissores e ainda não garante retorno aos custos de
produção.
De acordo com os representantes sindicais do segmento,
dentre eles o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato
Grosso do Sul (Biosul), Roberto Hollanda Filho, "o Mato Grosso só não é o
maior produtor de biocombustíveis do Brasil porque é o estado mais a oeste do
País, fato que dificulta o transporte aos grandes polos do Sudeste e limita a
comercialização a estados da região Centro-Oeste e Norte". Nestas regiões,
o biocombustível chega a ser vendido entre R$ 0,18 e R$ 0,22 por litro,
enquanto o custo de produção chega a R$ 1.
Para o ex-ministro da Agricultura e coordenador da Fundação
Getúlio Vargas no segmento de Agronegócios (GV Agro), Roberto Rodrigues, falta
clareza sobre a rota que esta tecnologia deve seguir e sua viabilidade
comercial.
O diretor da Tereos, Jacyr Costa Filho, destaca que 40% do
milho americano vão para a produção de etanol. "Se houvesse uma política
de biocombustíveis no Brasil, viabilizaríamos esta produção aqui, considerando
que exportamos cerca de 22 milhões de toneladas do grão", enfatiza. Nesta
safra, devem ser produzidos cerca de 70 milhões de litros de etanol de milho.
Potencial
A estimativa de aumento nos custos de extração de petróleo é
o principal consenso entre as lideranças setor sucroenergético, fator que abre
espaço para ganhos de competitividade no etanol. Desta forma, o biocombustível
de segunda geração e a produção a partir de cereais, como o milho, ganham
destaque entre as discussões.
"A expectativa é de aumento de produtividade e
competitividade, principalmente em relação a inovações do mercado", estima
a presidente da União das Indústrias de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth
Farina.
Uma das vantagens do milho é que sua área plantada é muito
superior a da cana, além das maiores possibilidades de armazenamento.
Para a executiva, a cadeia do grão é mais organizada, com
instrumentos financeiros estruturados, fatores que favorecem o desenvolvimento.