“É o processo mais seguro que existe”, garantiu à Agência Brasil o secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giuseppe Janino
Segundo ele, o propósito de usar a biometria é reduzir a intervenção
humana no processo eleitoral ao máximo e, consequentemente, reduzir também os
riscos de erros, fraudes e lentidão.
“Podemos dizer que não existe sistema perfeito, mas
certamente a identificação biométrica é infinitamente mais precisa e segura que
a identificação normal, feita pelo homem”, destaca.
Sem o uso da biometria, os eleitores têm sua identidade
comprovada pelos mesários, que comparam os documentos e depois liberam o uso da
urna.
O argumento do TSE é que o sistema biométrico reduz de riscos
de fraudes, mesmo com a maior demora em liberar a urna para votação.
“Qualquer método de identificação biométrica será baseado em
alguma técnica probabilística, envolvendo reconhecimento aproximado de padrões
– entre um padrão cadastrado e um apresentado –, e, por isso, será sempre
sujeito a erros. Usado em larga escala, como em nosso processo de votação,
esses erros se tornam inevitáveis, e com porcentagem de ocorrências
previsível”, afirma o professor Pedro Antonio Dourado de Rezende, do Departamento
de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB).
Segundo o estudioso, quando o leitor ótico não conseguir
identificar a digital (falso negativo), o mesário terá que fazer a
identificação (por meio dos documentos do eleitor) e usar uma senha própria
para liberar a urna para votação.
Na opinião do professor, pessoas desonestas podem usar a
senha para liberar a urna para alguém votar por eleitores que se abstiveram, no
fim do dia.
Ouvido pela Agência Brasil, o professor Luís Kalb Roses, do
curso de mestrado em Gestão de Tecnologia da Informação da Universidade
Católica de Brasília, afirmou que a solução para as suspeitas está em promover
auditorias no processo e buscar a certificação do sistema utilizado.
“A biometria é uma solução tecnológica para a autenticidade.
Agora, uma coisa é o equipamento que você coloca o polegar. A outra é o
processo que faz o confronto dessa digital com a que está no banco de dados.
Então o processo de verificação dessa digital tem que estar funcionando a
contento. Por isso, é importante ter sempre auditorias”, diz.
O professor Kalb concorda, no entanto, que a biometria é uma
“excelente opção tecnológica para identificar o usuário”.
“A solução de biometria faz parte de uma solução de
segurança, mas só ela não garante toda a segurança do processo”, diz.
Atualmente, a identificação por meio da digital é utilizada,
entre outros setores, pelo sistema bancário para autorização de transações como
saques e retirada de extratos em caixas eletrônicos.
Autor: Jocelyn Auricchio