O programa sofre algumas críticas de pessoas que veem no
incentivo uma tentativa dos militares em se promoverem e ganharem destaque com
o desempenho dos atletas nos Jogos Rio-2016.
Uma das "alfinetadas" foi feita pelo técnico de
Arthur Zanetti, Marcos Goto, que disse que as Forças Armadas se preocupam
apenas em contratar atletas de alto nível, e não investem na base.
As Forças Armadas, no entanto, argumentam que tem um
programa chamado Profesp, cujo principal obtido é inclusão social.
Terceiro-sargento da Marinha, Alison saiu em defesa do apoio
aos atletas de elite do Brasil. Ele e seu parceiro de quadra Bruno Schimdt
participam do programa federal que apoia os atletas de elite e já teve
participação em 12 das 15 medalhas brasileiras no Rio.
Capixaba de 30 anos, conhecido como Mamute por seus 2,03
metros e 102 kg, Alison se disse "orgulhoso de ser milico", mas
admite que como atleta profissional não passa muito tempo frequentando o
quartel.
Veja alguns trechos da entrevista feita na tarde de
sexta-feira (19).
UOL Esporte - Você é um atleta militar em um país que
recentemente passou por uma ditadura militar de 25 anos. Refletiu sobre isso
quando aceitou o convite da Marinha?
Alison Cerutti - Não. Eu recebi o convite e tenho muito
orgulho de ser milico porque me dá uma estrutura de trabalhar. Me dá uma
tranquilidade de fazer meu melhor dentro de quadra.
O passado, as atrocidades que aconteceram, não dizem
respeito a mim. Eu recebi um convite nos últimos três anos pra ser milico,
representar meu país nos Jogos Militares, de participar dessa ideologia de ter
os atletas próximos. Acho uma puta oportunidade.
Na Alemanha é assim, e tem um passado horroroso a Alemanha
também. Nos Estados Unidos é assim, na China é assim, Japão é assim e outros
países. O problema do Brasil é sempre esse. Sempre que você faz uma coisa já
querem levar a outra. O passado é o passado, hoje já não existe mais isso.
Claro que houve atrocidades, coisas feias, mas não cabe a mim julgar. O que eu
estou vivendo hoje é que hoje eu sou um atleta militar.
UOL Esporte - Hoje muitos militares relutam em reconhecer os
erros cometidos no passado. Muitos dizem que a tortura, por exemplo, foi feita
de maneira localizada, quando na verdade sabemos que foi uma prática
institucional. Você conversa com os militares sobre essas coisas?
Não tenho diálogo com ninguém sobre isso, não pergunto sobre
isso, não cabe a mim julgar. A gente não conversa sobre isso. Até porque o
atleta profissional dificilmente vive a vida militar. A gente representa o
nosso país e acaba não ficando muito no quartel. Não é uma regalia, mas nós
somos diferentes.