Os comerciantes de Jataizinho (Região Metropolitana de
Londrina) estão preocupados com a onda de assaltos na cidade.
Basta dar uma volta pelas ruas centrais para ouvir histórias
de quem já ficou na mira de uma arma mais de uma vez. São histórias parecidas e
que ficaram mais frequentes nos últimos 60 dias. Os assaltantes, segundo a
comunidade, chegam em dupla ou trio anunciam o crime, abrem a caixa
registradora, roubam clientes e fogem de motocicleta em direção à BR-369.
Alguns dias atrás, três homens tentaram render o dono de um
mercado quando ele voltava de uma entrega.
O comerciante fugiu e um dos ladrões atirou. A bala atingiu
placa de uma funerária que estava no canteiro central.
"Ouvi o zunido da bala", contou Sandro Marcos
Souza Sampaio. Ele acredita que os bandidos estavam escondidos atrás do muro de
um prédio em frente ao comércio. "Quando cheguei e parei a Kombi não tinha
ninguém na rua. De repente eles me renderam no portão e queriam entrar para
dentro de casa ele mora nos fundos do mercado]. Consegui me desvencilhar e
corri para a funerária onde estava tendo um velório. Daí, um deles
atirou."
A comerciante Juliana Contato Nunes também ficou,
recentemente, sob a mira de um revólver.
Ela contou que um rapaz com capacete entrou no
estabelecimento por volta das 11horas, rendeu ela e a funcionária que estava no
caixa e levou R$ 300. O local já tinha sido arrombado três vezes.
"A gente privou os filhos de fazer as coisas para
economizar e para eles virem e levarem tudo", disse indignada. O mercado
tem sistema de monitoramento de câmera e um segurança particular que fica no
horário da tarde e fechamento. "O segurança nem adianta mais, porque eles
vêm em qualquer horário", comentou. "Não é fácil viver assim. Você
fica tensa o dia inteiro."
A loja em frente ao comércio de Juliana foi arrombada dois
dias depois de inaugurar, no fim de junho, e já foi alvo de outras tentativas
de arrombamento.
"Acho que se não tivesse o alarme eles tinham levado
tudo", contou Adriana Inojosa. "Coloquei mais cadeados para pelo
menos dar tempo de chegarmos aqui quando o alarme disparar."
Uma padaria foi alvo dos assaltantes oito vezes nos últimos
nove anos. "A maioria foi no último ano", disse o dono que prefere
não se identificar.
Outro comerciante é recordista. Já foram 12 assaltos e
tentativas. Em várias vezes ele reagiu.
"Sei que é perigoso. Em um deles, agarrei o cara e dai
percebi que estava com a arma na cintura. Daí pensei, agora que não posso
soltar. Estou me preparando para não reagir no próximo", disse.
Indignados com a situação os comerciantes fizeram um
protesto na quarta-feira (10) pedindo mais segurança e a reabertura da
delegacia de Polícia Civil, que foi desativada há mais de um ano, quando o
município passou a pertencer à comarca de Ibiporã.
A gota d´água foi uma tentativa de explosão do caixa
eletrônico da agência do Banco Sicred na segunda-feira (8).
Os criminosos fugiram quando o alarme disparou e deixaram um
artefato explosivo. O esquadrão antibombas do Batalhão de Operações Especiais
da Polícia Militar (Bope), de Curitiba, foi chamado para retirar o artefato. A
agência do Banco do Brasil já tinha sido arrombada quatro vezes.
Os comerciantes acreditam que a crise econômica, o aumento
do número de locais para venda de drogas e o pequeno efetivo policial vêm
contribuído para o crescimento da criminalidade no município de 12,5 mil
habitantes.
Fonte: Folha de Londrina