A Câmara Municipal de Campinas tornou nesta segunda-feira,
16, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) 'persona non grata' em sua
cidade natal.
Em entrevista ao jornal Correio Popular o parlamentar chamou
os vereadores da cidade de 'otários' e 'desocupados'. Bolsonaro fez sua
carreira política no Rio, mas nasceu e estudou parte de sua vida em Campinas,
no interior de São Paulo.
"Diante de tamanha ofensa aos trabalhos desta Nobre
Casa Legislativa, discordamos da clara tentativa de desqualificar o Poder
Legislativo municipal e entendemos que o parlamentar passa a ser persona non
grata em Campinas", informa o documento que será encaminhado ao deputado.
A moção de protesto do vereador Pedro Tourinho (PT) foi uma
resposta ao posicionamento do deputado sobre os políticos locais. As
declarações foram dadas em entrevista ao jornal de Campinas Correio Popular, na
edição do domingo de 1º de maio.
"Essa Câmara Municipal de vocês aí é fraca. Estou me
lixando para esses vereadores que votaram isso. Eles não têm o que fazer, são
uns desocupados… Esses vereadores são uns otários", disse ao jornal sobre
uma moção aprovada no município, dia 25.
Bolsonaro partiu para o ataque após a Câmara de Campinas
aprovar um documento de repúdio a homenagem que ele fez ao torturador Carlos
Alberto Brilhante Ustra, durante seu voto pela abertura do impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff (PT), na Camara dos Deputados.
Naquela sessão do dia 17 de abril, Bolsonaro invocou a
'memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff'.
"O coronel Ustra foi um herói nacional, ele lutou pela
nossa democracia, pela nossa liberdade", reiterou na entrevista ao jornal.
Ustra comandou o DOI-Codi, centro de torturas do antigo II Exército em São
Paulo nos anos de chumbo, entre 1971 e 1974. Em 2012, a Justiça de São Paulo
declarou oficialmente Ustra torturador. Ele morreu em 2015 aos 83 anos.
Um dia após a entrevista de Bolsonaro, na sessão do 2 de
maio, o vereador Cid Ferreira (SD) criticou as declarações do deputado contra a
Casa. "Além de deixar de ser homem, ele (Bolsonaro) deixou de ter
caráter", declarou na tribuna nesta segunda, 16.
Ustra foi considerado oficialmente torturador pela Justiça
de São Paulo, em 2012.