A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam
a suposta compra de uma medida provisória no governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, revelada pelo Estado.
Inquéritos sobre o caso são um desdobramento da Operação
Zelotes, que apura esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf).
Uma das estratégias dos investigadores é rastrear os
pagamentos do escritório Marcondes & Mautoni e da SGR Consultoria, empresas
de lobby que negociaram pagamentos de R$ 36 milhões com a MMC Automotores,
representante da Mistubishi, e o Grupo CAOA, que fabrica veículos da Hyundai.
O objetivo, conforme revelou o Estado, era conseguir a
edição de um ato normativo que prorrogasse incentivos fiscais do setor por
cinco anos, o que foi feito por meio da MP 471.
Os documentos descrevem pagamentos de 2009 a 2015 às
empresas. Mensagens trocadas por envolvidos nas negociações mencionam a oferta
de propina para agentes públicos viabilizarem a norma.
A oposição pressiona para que a CPI do Carf também aprofunde
as investigações sobre a suposta compra da MP.
"Se escândalo envolvendo favores tributários não for
objeto da CPI, não sei mais o que vamos investigar", disse o senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele defendeu que os citados se apresentem na
comissão para se explicar.
Transações financeiras entre o escritório Marcondes &
Mautonie, que atua como representante de montadoras em entidades do setor, e a
LFT Marketing Esportivo são um dos alvos da investigação da Polícia Federal e
do Ministério Público Federal.
A empresa tem como sócio Luís Cláudio Lula da Silva, filho
do ex-presidente Lula. Luís Cláudio confirmou ao Estado que recebeu R$ 2,4
milhões, entre 2014 e 2015, por projeto desenvolvido em sua área de atuação, o
"esporte". Mas não informou quais serviços prestou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.