quinta-feira, 2 de julho de 2015

Assaí investe em projeto de plantio de plantas medicinais

Iniciativa do Conselho Regional de Farmácia de Londrina envolve a participação de alunos de graduação e cursos técnicos
Assaí - Alecrim, alfavaca, babosa, bálsamo, capim-cidreira, chaguinha, guaco, hortelã e poejo-rasteiro são algumas das espécies de plantas medicinais que foram plantadas anteontem no Viveiro Municipal de Assaí em parceria com o programa "Horto Medicinal" realizado pela Conselho Regional de Farmácia (CRF) de Londrina, que engloba atuação em 90 municípios.
A iniciativa faz parte do programa CRF Júnior que envolve a participação de alunos de graduação que integram o conselho.
Nessa face inicial do projeto, está prevista a participação de dez alunos de graduação do curso de farmácia da Universidade Estadual de Londrina, UniFil e Inesul, de Londrina, Unopar/campus Arapongas e Faculdade Dom Bosco, de Cornélio Procópio.
O trabalho ainda envolve parceria com os cursos de Técnico em Meio Ambiente, do Colégio Estadual Barão do Rio Branco em Assaí, e Técnico em Agropecuária, do Centro Estadual de Educação Profissional Agrícola Mohamad Ali Hamzé, em Cambará.
"Essa troca de conhecimento entre a universidade e os cursos técnicos é fundamental, e todos saem ganhando, principalmente no que se relaciona ao uso adequado das plantas medicinais. Queremos mostrar também de forma prática a diferença que existe entre plantas medicinais, fitoterápicos e homeopatia", destaca a supervisora do CRF-Londrina, Maria Madalena Gomes dos Santos Sbizera.
As 150 mudas de 20 espécies de plantas medicinais forma cedidas pela Universidade Paranaense (Unipar), de Umuarama.
Com o apoio da Prefeitura Municipal de Assaí – que inclui também a Secretaria de Obras e agrônomos do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) -, o projeto ainda pretende realizar uma série de ações práticas com profissionais da área de saúde que atendem nas Unidades Básicas de Saúde e no Programa de Saúde da Família, por meio de palestras e distribuição de mudas.
"A nossa ideia é multiplicar essas mudas, torná-las acessíveis à comunidade e orientar as pessoas como utilizá-las da maneira correta.
O uso dessas plantas é tradicional e faz parte da cultura popular, mas é necessário levar mais informação às pessoas para que realmente possam usufruir adequadamente dos princípios dessas plantas", ressalta a supervisora.
Para complementar esse trabalho, um material detalhado de orientação técnica sobre o uso, indicação e contraindicação das plantas medicinais está sendo preparado pelos alunos de farmácia da UniFil, sob a coordenação da professora Cristina de Paula Barros de Melo.
"O material será disponibilizado em material impresso e em CD-Rom para a consulta geral", informa a professora do curso de Farmácia da UniFil, na área de fitoterápico.
"Esse projeto funciona como extensão universitária e é muito interessante, pois promove o contato do aluno a serviço da comunidade como um educador de um tema que faz parte da cultura popular. Por exemplo, posso citar a chaguinha, mais conhecida como capuchinha, cuja flor comestível lembra o gosto de agrião, controla a hipertensão e tem indicação para reduzir a perda óssea", afirma.
"Está havendo um resgate desse conhecimento, mas é preciso melhorar o acesso à informação. O xarope de poejo e guaco realmente ajuda no tratamento de dores de garganta e gripe, mas o chá de alecrim, embora seja um excelente digestivo, pode baixar a pressão arterial e irritar as vias urinárias quando bebido em grande quantidade. Ingerir chás durante a gestação também não é indicado", acrescenta a professora.
FONTE DE RENDA
Segundo o prefeito Luiz Mestiço, de Assaí, o projeto de plantio de plantas medicinais também pode servir como alternativa de renda para os pequenos produtores rurais.
"Além dos benefícios diretos que o projeto vai promover para a saúde da população em geral, esse trabalho pode também servir como incentivo para diversificar a produção dos pequenos agricultores da região. Vamos observar as mudas que terão mais saída e podemos viabilizar um ‘banco’ de troca de mudas", adianta o prefeito.
Ana Paula Nascimento
Reportagem Local
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Experiência prática agrada alunos
Assaí - Localizado em área de dez mil metros quadrados, o Viveiro Municipal de Assaí chegou a pertencer à família pioneira Akagi, em 1932. Sob os cuidados do viveirista Benedito Louriano, as mudas de plantas medicinais estavam mantidas em estufa para adaptação desde o começo do mês quando vieram de Umuarama.
"Normalmente trabalhamos com o cultivo de mudas para o reflorestamento da mata ciliar e da arborização urbana e está sendo uma novidade ter esse tipo material aqui para cuidar", conta.
Nos canteiros, os alunos se revezavam no plantio das mudas com o uso de escavadeiras e enxadas. Aluna do terceiro ano do curso de Farmácia da UniFil, Tais Andrea Albertoni, 24 anos, era uma das mais atuantes.
"Desde o início da faculdade sempre gostei de pesquisar sobre plantas medicinais e realmente ainda falta uma melhor orientação para as pessoas de como dosar a quantidade correta do uso dessas plantas. Esse tipo de atividade deixa o trabalho mais concreto e ajuda a fixar a informação", diz.
Letícia Hiromi Kobayashi, 17 anos, aluna do último ano do curso técnico em meio ambiente ficou animada com a atividade:
"Está sendo bem legal e gostaria de ter acesso a isso desde o primeiro ano do curso", comenta ela, que pretende prestar vestibular para Fisioterapia.
Eduardo de Paulo Silva, 28 anos, do terceiro ano do curso de Farmácia da UniFil também aprovou a iniciativa.
"É uma área bem gostosa e que incentiva a população a conhecer as plantas medicinais, algo que estava meio esquecido. Acho que é papel do farmacêutico estar bem informado sobre isso", opina. (A.P.N.