Assaí - Alecrim, alfavaca, babosa, bálsamo, capim-cidreira,
chaguinha, guaco, hortelã e poejo-rasteiro são algumas das espécies de plantas medicinais
que foram plantadas anteontem no Viveiro Municipal de Assaí em parceria com o
programa "Horto Medicinal" realizado pela Conselho Regional de
Farmácia (CRF) de Londrina, que engloba atuação em 90 municípios.
A iniciativa faz parte do programa CRF Júnior que envolve a participação
de alunos de graduação que integram o conselho.
Nessa face inicial do projeto, está prevista a participação
de dez alunos de graduação do curso de farmácia da Universidade Estadual de
Londrina, UniFil e Inesul, de Londrina, Unopar/campus Arapongas e Faculdade Dom
Bosco, de Cornélio Procópio.
O trabalho ainda envolve parceria com os cursos de Técnico
em Meio Ambiente, do Colégio Estadual Barão do Rio Branco em Assaí, e Técnico
em Agropecuária, do Centro Estadual de Educação Profissional Agrícola Mohamad
Ali Hamzé, em Cambará.
"Essa troca de conhecimento entre a universidade e os
cursos técnicos é fundamental, e todos saem ganhando, principalmente no que se
relaciona ao uso adequado das plantas medicinais. Queremos mostrar também de
forma prática a diferença que existe entre plantas medicinais, fitoterápicos e homeopatia",
destaca a supervisora do CRF-Londrina, Maria Madalena Gomes dos Santos Sbizera.
As 150 mudas de 20 espécies de plantas medicinais forma
cedidas pela Universidade Paranaense (Unipar), de Umuarama.
Com o apoio da Prefeitura Municipal de Assaí – que inclui
também a Secretaria de Obras e agrônomos do Instituto Paranaense de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Emater) -, o projeto ainda pretende realizar uma série
de ações práticas com profissionais da área de saúde que atendem nas Unidades
Básicas de Saúde e no Programa de Saúde da Família, por meio de palestras e
distribuição de mudas.
"A nossa ideia é multiplicar essas mudas, torná-las
acessíveis à comunidade e orientar as pessoas como utilizá-las da maneira
correta.
O uso dessas plantas é tradicional e faz parte da cultura
popular, mas é necessário levar mais informação às pessoas para que realmente
possam usufruir adequadamente dos princípios dessas plantas", ressalta a supervisora.
Para complementar esse trabalho, um material detalhado de orientação
técnica sobre o uso, indicação e contraindicação das plantas medicinais está
sendo preparado pelos alunos de farmácia da UniFil, sob a coordenação da
professora Cristina de Paula Barros de Melo.
"O material será disponibilizado em material impresso e
em CD-Rom para a consulta geral", informa a professora do curso de
Farmácia da UniFil, na área de fitoterápico.
"Esse projeto funciona como extensão universitária e é
muito interessante, pois promove o contato do aluno a serviço da comunidade como
um educador de um tema que faz parte da cultura popular. Por exemplo, posso
citar a chaguinha, mais conhecida como capuchinha, cuja flor comestível lembra
o gosto de agrião, controla a hipertensão e tem indicação para reduzir a perda
óssea", afirma.
"Está havendo um resgate desse conhecimento, mas é
preciso melhorar o acesso à informação. O xarope de poejo e guaco realmente ajuda
no tratamento de dores de garganta e gripe, mas o chá de alecrim, embora seja
um excelente digestivo, pode baixar a pressão arterial e irritar as vias
urinárias quando bebido em grande quantidade. Ingerir chás durante a gestação também
não é indicado", acrescenta a professora.
FONTE DE RENDA
Segundo o prefeito Luiz Mestiço, de Assaí, o projeto de
plantio de plantas medicinais também pode servir como alternativa de renda para
os pequenos produtores rurais.
"Além dos benefícios diretos que o projeto vai promover
para a saúde da população em geral, esse trabalho pode também servir como
incentivo para diversificar a produção dos pequenos agricultores da região.
Vamos observar as mudas que terão mais saída e podemos viabilizar um ‘banco’ de
troca de mudas", adianta o prefeito.
Ana Paula Nascimento
Reportagem Local
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Experiência prática agrada alunos
Assaí - Localizado em área de dez mil metros quadrados, o
Viveiro Municipal de Assaí chegou a pertencer à família pioneira Akagi, em
1932. Sob os cuidados do viveirista Benedito Louriano, as mudas de plantas medicinais
estavam mantidas em estufa para adaptação desde o começo do mês quando vieram
de Umuarama.
"Normalmente trabalhamos com o cultivo de mudas para o
reflorestamento da mata ciliar e da arborização urbana e está sendo uma
novidade ter esse tipo material aqui para cuidar", conta.
Nos canteiros, os alunos se revezavam no plantio das mudas
com o uso de escavadeiras e enxadas. Aluna do terceiro ano do curso de Farmácia
da UniFil, Tais Andrea Albertoni, 24 anos, era uma das mais atuantes.
"Desde o início da faculdade sempre gostei de pesquisar
sobre plantas medicinais e realmente ainda falta uma melhor orientação para as
pessoas de como dosar a quantidade correta do uso dessas plantas. Esse tipo de atividade
deixa o trabalho mais concreto e ajuda a fixar a informação", diz.
Letícia Hiromi Kobayashi, 17 anos, aluna do último ano do
curso técnico em meio ambiente ficou animada com a atividade:
"Está sendo bem legal e gostaria de ter acesso a isso desde
o primeiro ano do curso", comenta ela, que pretende prestar vestibular
para Fisioterapia.
Eduardo de Paulo Silva, 28 anos, do terceiro ano do curso de
Farmácia da UniFil também aprovou a iniciativa.
"É uma área bem gostosa e que incentiva a população a
conhecer as plantas medicinais, algo que estava meio esquecido. Acho que é
papel do farmacêutico estar bem informado sobre isso", opina. (A.P.N.