quarta-feira, 30 de julho de 2014

Agravamento da crise indica derrota de Dilma‏

Banco Santander, analistas, economistas e indústria descartam reeleição da petista para o país voltar a crescer
O fracasso da política econômica insistentemente praticada pelo governo da presidente Dilma Rousseff mesmo frente a inúmeros alertas emitidos nos últimos meses por várias entidades de classe do empresariado, e inclusive por órgãos oficiais, acaba de ser explicitado por uma das maiores instituições financeiras do mundo, o poderoso banco espanhol Santander, em carta anexada aos extratos enviados à sua clientela VIP com renda superior a R$ 10 mil mensais.
Depois de cair como uma autêntica bomba no Palácio do Planalto, a carta continua produzindo estragos importantes na campanha de Dilma ao deixar o eleitorado com a pulga atrás da orelha sobre o que poderá vir a ocorrer no ano que vem, caso ela seja reeleita, com risco de agravamento da crise, alta da inflação e aumento das taxas de desemprego, como alerta o próprio Santander na carta sob título “Você e seu dinheiro”.
Apesar da indignação dos petistas, que chegaram a cobrar demissões no Santander e boicote às operações com o banco, economistas e analistas estão divulgando sucessivas análises refletindo a preocupação de investidores com o futuro da atual política econômica da presidente Dilma. Para eles, o pessimismo com a gestão petista faz com que as chances de vitória da oposição nas eleições presidenciais cheguem a 60% e até 70%.
O maior indicador dessa tendência é o próprio comportamento da bolsa paulista, que valoriza sempre que Dilma tropeça nas pesquisas.
PESSIMISMO
O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, avalia que os resultados “apontam na mesma direção: o fracasso da política econômica”.
“Existe algo quando se fala de economia que é essencial e fundamental: expectativa. A economia se move em função de expectativas. A inflação se move em função de expectativas. Se você tem uma função represada, há uma expectativa de que, em determinado momento, ela vai ser liberada. Isso já gera uma prevenção, que acaba por alimentar a inflação. O atual governo perdeu a capacidade de gerar expectativas positivas, seja nos agentes internos, seja nos agentes externos. Isso impacta fortemente no nosso crescimento”, disse Aécio.
Para Aécio, é hora de o governo federal parar de terceirizar responsabilidades, já que países vizinhos, com economias menos complexas e estruturadas, crescem mais do que o Brasil. “Mais quatro anos de governo do PT significa mais quatro anos de baixíssimo crescimento, mais quatro anos com a inflação sem controle e, infelizmente, com impactos que já começamos a perceber também no emprego”, acrescentou.
Aécio Neves frisou que não considera a carta do banco à sua clientela uma interferência no cenário político-eleitoral, como defendeu Dilma, e criticou dirigentes do PT pela cobrança de demissões dos responsáveis na instituição financeira.
“Não adianta um dirigente partidário questionar, cobrar demissões dentro de uma instituição financeira, porque teriam que demitir praticamente todos os analistas de todas as instituições financeiras. Todos eles são muito céticos em relação ao cenário da economia brasileira se continuar o atual governo”, afirmou Aécio.
PREJUÍZO
Segundo o jornal espanhol El País, “desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu o poder, em 2011, o presidente mundial do Santander, Emílio Botín, esteve pelo menos quatro vezes no país. E nas quatro ocasiões, foi recebido pela presidente no Palácio do Planalto, quando Botín fazia questão de tornar públicas suas mensagens de otimismo com o país”.
Conforme o El País, o Santander “tem sentido as dores de uma economia mais difícil”. “No ano passado, por exemplo, o banco teve uma queda de quase 10% do lucro, em relação a 2012. Foram R$ 5,7 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, uma nova queda da lucratividade: 14,92% menos que no primeiro trimestre de 2013, para um total de R$ 518,4 milhões”, destaca a publicação.
Entre outras instituições que têm advertido o Planalto sobre a crise está a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Em seu mais recente levantamento, prevê que a economia crescerá apenas 1% neste ano.
A modesta expansão será resultado do crescimento de 1,5% do setor de serviços, da alta de 2,3% da agropecuária e da queda de 0,5% da indústria.
"As causas da forte desaceleração são várias e decorrem mais do ambiente doméstico do que da economia mundial", diz a entidade, descartando o argumento de Dilma de que o Brasil é vítima do cenário externo.
Entre elas, está a inflação, que, na avaliação da CNI, deve fechar o ano em 6,6%, acima do limite máximo da meta de 6,5% fixada pelo Banco Central.
"A inflação permanentemente elevada provoca o aumento dos juros e, consequentemente, a retração do crédito oriundo de bancos privados.
A menor liquidez conduz ao progressivo enfraquecimento tanto do consumo das famílias como do investimento das empresas", relata.
Com isso, a estimativa é que consumo das famílias aumente apenas 1,5% e os investimentos tenham uma queda de 2%.
"A reversão do quadro negativo depende de uma recuperação da confiança do empresário", afirma.