O governador disse que Aécio é “a bola da vez”.
Leia a entrevista concedida a repórter Julia Duailibi do Estadão deste domingo, 3.
Leia a entrevista concedida a repórter Julia Duailibi do Estadão deste domingo, 3.
Como o sr. vê a antecipação do debate eleitoral de 2014?
Isso sempre acaba acontecendo no ano anterior ou logo depois
das eleições municipais, até porque parte da classe política sofre de
ansiedade. Mas eu acho que, no caso do PSDB, até por estar fora do poder, seria
importante, ainda mais nas condições do nosso pré-candidato, de se firmar como
o candidato de oposição, de se tornar mais conhecido pelo País. Em muitas
regiões, o grau de conhecimento dele é baixo. Então eu acho que é hora, sim, de
o Aécio aparecer mais, apresentar propostas e alternativas que o PSDB tem para
oferecer ao País. Acho que é válido isso.
O PSDB não tem a perder com essa antecipação?
Eu acho que não. No nosso caso, não. Acho que é importante
por essas razões que eu expus agora. E acho que o Aécio, por todas as condições
que ele apresenta, é a bola da vez. Está disposto, tem boa imagem, tem bom
discurso, bom projeto para o País, um histórico de boas realizações, de bons
feitos. Os números do governo de Minas Gerais foram extraordinários, ao longo
de todo mandato foi apontado como o melhor governador do País e com grandes
exemplos, com uma gestão moderna, uma gestão de austeridade, uma gestão
profissional. Então ele tem todas as condições de ser um bom candidato, ter um
bom desempenho e vencer a eleição.
Aécio não deve intensificar a retórica de oposição?
Ele está começando agora um discurso de candidato. Eu
conheço a capacidade de expressão do Aécio, o conteúdo dele. Ele é muito
preparado, além de ser, isso é importante, um político bem articulado. Consegue
agregar um bom apoio em torno da sua candidatura, e ele, evidentemente, está
começando agora a se firmar e a fazer um discurso mais de candidato. Acho que
ele vai buscar a sintonia fina. Com o tempo, ele vai afinando o discurso.
A entrada de FHC na pré-campanha de Aécio não amarra a discussão
no passado?
FHC, por várias ocasiões no passado, antes mesmo de colocar
a candidatura a presidente (de 2014), já vinha falando dos erros do governo.
Teve algumas discussões ásperas com o Lula, mas a participação do FHC é
importante. Ele é uma grande liderança do PSDB, nacional, uma pessoa de muita
credibilidade, muito respeito, é uma das maiores cabeças, um dos maiores
intelectuais deste País. Todos temos orgulho das conquistas que o Brasil teve
no governo FHC. Depois que o PT assumiu o poder, fizeram várias denúncias e
acusações inverídicas contra o governo FHC, e agora o tempo tem se encarregado
de fazer Justiça a esse homem público, que fez uma gestão de muitos resultados.
O Brasil conheceu importantes conquistas no governo FHC, ele agiu com muita ética,
muita austeridade. No governo dele, a gente não via com a frequência que vemos
agora a gravidade de denúncias, escândalos, desvio de dinheiro, desvio de
conduta, corrupção. Então tudo isso agora é valorizado na pessoa do FHC. Por
esses feitos todos, tem esse reconhecimento e pode ajudar bastante o PSDB. O
Aécio representa o novo, mas é importante também a experiência, o aval de um
ex-presidente como o FHC para lançar a
candidatura do Aécio.
Qual deve ser o discurso de oposição?
O Aécio vai buscar sintonia fina. Começou agora a se
apresentar como candidato de oposição, apontando os erros do governo do PT.
Isso vai se afinando com o tempo. Ele tem todas as condições, é muito antenado,
tem muito conhecimento do que acontece no País, tem boas soluções para resolver
os problemas mais críticos. Então, eu não vejo dificuldade. O Aécio está
preparado para isso, e o PSDB está pronto para uma boa candidatura. Eu falo no
nome do Aécio, porque é o que está se apresentando aí, mas não quero excluir
ninguém. O partido é democrático, eu sou democrata também.
FHC e Sérgio Guerra já falaram em prévias, caso haja mais de
um candidato. O que o sr. acha?
Acho que não há dificuldade, como o FHC disse de prévias. Se
houver outros interessados, aí não há problema em defender prévias para uma
escolha mais ampla e democrática de uma candidatura. E, até dessa forma, buscar
uma valorização do partido. As várias instâncias do PSDB poderiam opinar na
escolha de um candidato, não como na vez passada (em 2006), que se decidiu numa
mesa de restaurante o candidato, e os próprios caciques do PSDB reconheceram
esse erro. Estão dispostos a ter uma outra forma de escolha do candidato para
que todo partido possa se sentir comprometido com a candidatura, e ,dessa
forma, ter mais motivação e entusiasmo para defender a candidatura, que já
sairia fortalecida pelo partido pela forma democrática de escolha.
Se houver prévias, elas devem ocorrer neste ano, como dizem
FHC, Guerra e o governador Geraldo Alckmin?
Pode ser. Até porque, por ser candidatura de oposição, nosso
timing é diferente do de quem está concorrendo à reeleição, que já está na
mídia direto, já tem ações de governo e toda a condução do processo. Para quem
quer se firmar como candidato de oposição, o timing é diferente. Tem que começar
num prazo maior. Acho que é prudente, se for o caso, prévias neste ano e já
entrar com candidatura no ano que vem.
Qual papel que o ex-governador José Serra deve ter nesse
processo?
Serra é um dos homens públicos que conheço mais sério, mais
decente, muito preparado. Acho que a própria trajetória dele avaliza as minhas
palavras. Já tive oportunidade de ser duas vezes candidato a governador com ele
candidato a presidente. Temos uma boa sintonia. Eu acho, e sei que o partido
também tem respeito por ele, que ele poderia ter um papel fundamental nisso.
Poderiam buscar uma aproximação com o Serra, algumas alas que estão distantes
dele, para buscar essa unidade.