sexta-feira, 8 de março de 2013

“Se muito vale o já feito, mais vale o que será”

por Gleisi Hoffmann*
Mais que homenagens, o Dia Internacional da Mulher traz para o centro do debate a figura feminina e a reflexão sobre o que já se conquistou e o que ainda há por fazer. Símbolo de ternura e fragilidade, a mulher tem a dedicação e a luta como características quase natas da sua personalidade. Equilibra-se entre a vida profissional, os anseios pessoais, o desafio da maternidade, o cuidado com a família. É chefe de 37,3% dos lares brasileiros, de acordo com o último Censo do IBGE, de 2010.
Essa mulher, que em pouco mais de cem anos começou a receber os primeiros olhares à sua causa, foi pouco a pouco enfrentando batalhas e colhendo pequenas vitórias, como o direito ao voto, há 81 anos, ou uma Lei que lhe garantisse proteção contra a fúria e agressividade de quem ainda hoje acredita que podemos ser tratadas como posse. Sim, após a conquista do voto, a Lei Maria da Penha foi uma importante vitória para as brasileiras num contexto ainda machista.
Para essa mulher, terna e firme, que compõe metade do eleitorado brasileiro e ajudou a eleger sua primeira chefe de Estado – a presidenta Dilma Rousseff -, que o governo federal tem trabalhado com afinco na criação e aprimoramento de políticas públicas. Da atenção integral à mãe e ao bebê, com o Rede Cegonha, à ampliação vigorosa do número de creches. Dos investimentos para prevenir e enfrentar o câncer de mama e o de colo de útero ao programa Trabalho e Empreendedorismo da Mulher, passando pelo Brasil Carinhoso, nosso país vai caminhando em busca da igualdade e do reparo às injustiças com essa mulher que já esteve à margem da sociedade.
Tenho orgulho em poder contribuir com a história do nosso país, estando à frente da Casa Civil. Muito me honra poder participar do desenvolvimento e acompanhamento de programas e ações tão relevantes para as mulheres. Se o Dia Internacional da Mulher nos permite celebrar as pequenas vitórias e os êxitos conquistados em diversas áreas, como a política ou empresarial. A data também lança luz ao muito que ainda podemos conquistar. Porque as reivindicações das trabalhadoras da fábrica de Nova York que, no dia 8 março de 1857, protestaram por melhores condições de trabalho, devem continuar latentes. Foram essas mulheres que, ao perderem suas vidas naquela ocasião, motivaram mulheres do mundo todo a lutar por maior representação política, mais direitos na sociedade, equiparação de salários com os homens, luta contra a violência doméstica e, ainda, maior reconhecimento do trabalho das donas de casa. Sim, porque as transformações devem seguir também dentro de casa.
“Se muito vale o já feito, mais vale o que será”, diz o verso de Milton Nascimento, imortalizado na voz de Elis Regina. E é isso. Se muito já conquistamos e temos a celebrar, ainda temos mais a conseguir, sempre com novas bandeiras a caminho de uma sociedade mais igual e justa, onde o gênero seja apenas uma diferença física.
*Gleisi Hoffmann é Chefe da Casa Civil da Presidência da República Federativa do Brasil.
Fonte: Blog do Esmael