Mais que homenagens, o Dia Internacional da Mulher traz para
o centro do debate a figura feminina e a reflexão sobre o que já se conquistou
e o que ainda há por fazer. Símbolo de ternura e fragilidade, a mulher tem a
dedicação e a luta como características quase natas da sua personalidade. Equilibra-se
entre a vida profissional, os anseios pessoais, o desafio da maternidade, o
cuidado com a família. É chefe de 37,3% dos lares brasileiros, de acordo com o
último Censo do IBGE, de 2010.
Essa mulher, que em pouco mais de cem anos começou a receber
os primeiros olhares à sua causa, foi pouco a pouco enfrentando batalhas e
colhendo pequenas vitórias, como o direito ao voto, há 81 anos, ou uma Lei que
lhe garantisse proteção contra a fúria e agressividade de quem ainda hoje
acredita que podemos ser tratadas como posse. Sim, após a conquista do voto, a
Lei Maria da Penha foi uma importante vitória para as brasileiras num contexto
ainda machista.
Para essa mulher, terna e firme, que compõe metade do
eleitorado brasileiro e ajudou a eleger sua primeira chefe de Estado – a
presidenta Dilma Rousseff -, que o governo federal tem trabalhado com afinco na
criação e aprimoramento de políticas públicas. Da atenção integral à mãe e ao
bebê, com o Rede Cegonha, à ampliação vigorosa do número de creches. Dos investimentos
para prevenir e enfrentar o câncer de mama e o de colo de útero ao programa
Trabalho e Empreendedorismo da Mulher, passando pelo Brasil Carinhoso, nosso
país vai caminhando em busca da igualdade e do reparo às injustiças com essa
mulher que já esteve à margem da sociedade.
Tenho orgulho em poder contribuir com a história do nosso
país, estando à frente da Casa Civil. Muito me honra poder participar do
desenvolvimento e acompanhamento de programas e ações tão relevantes para as
mulheres. Se o Dia Internacional da Mulher nos permite celebrar as pequenas
vitórias e os êxitos conquistados em diversas áreas, como a política ou
empresarial. A data também lança luz ao muito que ainda podemos conquistar.
Porque as reivindicações das trabalhadoras da fábrica de Nova York que, no dia
8 março de 1857, protestaram por melhores condições de trabalho, devem
continuar latentes. Foram essas mulheres que, ao perderem suas vidas naquela
ocasião, motivaram mulheres do mundo todo a lutar por maior representação política,
mais direitos na sociedade, equiparação de salários com os homens, luta contra
a violência doméstica e, ainda, maior reconhecimento do trabalho das donas de
casa. Sim, porque as transformações devem seguir também dentro de casa.
“Se muito vale o já feito, mais vale o que será”, diz o
verso de Milton Nascimento, imortalizado na voz de Elis Regina. E é isso. Se
muito já conquistamos e temos a celebrar, ainda temos mais a conseguir, sempre
com novas bandeiras a caminho de uma sociedade mais igual e justa, onde o
gênero seja apenas uma diferença física.
*Gleisi Hoffmann é Chefe da Casa Civil da Presidência da
República Federativa do Brasil.
Fonte: Blog do Esmael