As consequências do bloqueio das rodovias em virtude dos
protestos de caminhoneiros começam a ganhar maior proporção, prejudicando mais
elos da cadeia produtiva do agronegócio.
Depois de eliminar pintainhos e parar a operação em
frigoríficos, a cadeia da avicultura precisa lidar com aves que estão morrendo
de fome nas granjas por falta de ração.
O produtor Carlos Vallini, de Jataizinho (Norte) vive um
quadro de desespero. Ele conta que deveria ter enviado há três dias 64 mil aves
para um frigorífico em Rolândia, a 50 quilômetros, mas o bloqueio está
limitando o fluxo.
“Não há como trazer ração e nem como encaminhar os frangos
para o abate. Mais de mil aves já morreram de fome”, revela. Em média os
animais consomem 4 mil quilos de alimento por dia, mas os estoques da fazenda
se esgotaram. “A avicultura é minha única atividade, não tenho outra
alternativa de renda. Estou tendo que tomar calmante para me acalmar”, diz.
Além do prejuízo, o produtor lamenta o efeito sobre o
bem-estar dos animais.
“A gente gasta R$ 500 mil em um aviário, dá tudo do bom e do
melhor para os frangos e eles agora estão sendo maltratados, contra a minha
vontade, por causa desse protesto. Fico indignado com isso”, reclama.
O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína
Animal (ABPA), Francisco Turra, aponta que além do prejuízo com o descarte das
aves, há risco de dano à imagem do Brasil no mercado externo.
“Trabalhamos durante décadas para a construção da imagem da
cadeia produtiva como sustentável, pautado pela qualidade, sanidade e
preservação do bem-estar animal. Agora, circulam imagens que prejudicam
gravemente este trabalho, em uma situação que não foi gerada pelo setor”, lamentou.