Polícia Rodoviária acompanha bloqueio realizado no Município
de Medianeira, na Região Oeste do Estado.
Continuou ontem a paralisação de transportadores autônomos
nas rodovias do Paraná. O baixo valor do frete, o aumento do Imposto sobre
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o pedágio e o preço do combustível
são as principais queixas da categoria. Havia pelo menos 12 pontos de
paralisação no Estado: em Medianeira, Santo Antônio do Sudoeste, Nova Prata do
Iguaçu, Pérola d’Oeste, Realeza, Capitão Leônidas Marques, Francisco Beltrão,
Verê, Itapejara d’Oeste, Dois Vizinhos, Marmeleiro e Clevelândia.
As informações são do presidente do Sindicato dos
Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) de Francisco Beltrão e Região
Sudoeste, Janir Bottega. "Estamos colocando 50%, 60% do valor do frete
dentro dos tanques", disse.
O presidente do Sinditac afirma não ter conhecimento do
número de transportadores participantes, mas declara que há potencial para que
esta manifestação se transforme em uma greve nacional.
"Tem tudo para evoluir para uma greve nacional",
afirma. "As entidades, centrais sindicais, estão entrando com uma pauta
única."
Segundo Bottega, a paralisação começou tímida na semana
passada, foi suspensa por causa do feriado de carnaval e retomada na
quarta-feira.
"Estamos em busca de novas adesões que deem repercussão
nacional para que se negocie com o governo", afirma. De acordo com ele,
além do Paraná, em Mato Grosso, Rio Grande do Sul e na região oeste de Santa
Catarina também há adesão.
"É melhor parar do que trabalhar desta forma",
disse o transportador autônomo Valdecir Mattia, que ontem fazia parte de um dos
bloqueios, em Medianeira. Para ele, o preço do pedágio e do diesel tornam
inviável o trabalho de transportador. "Dinheiro não existe."
Em Londrina e Região não há paralisações e, por enquanto,
não estão previstas ações, declarou o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros
de Londrina, Carlos Roberto Della Rosa.
Segundo ele, que também é vice-presidente da Federação
Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Fenacam), a
ideia é reunir lideranças de todo o País para fazer uma manifestação única ao
invés de realizar eventos isolados.
De acordo Carlos Alberto Litti Dahmer, vice-presidente da
Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a paralisação dos
caminhoneiros foi de iniciativa dos próprios transportadores, e não teve
relação com nenhum sindicato do Estado.
No Rio Grande do Sul, havia ontem pelo menos sete pontos de
bloqueio nas rodovias. Conforme explica Dahmer, os transportadores se revezavam
na paralisação. Cerca de 300 caminhões foram parados por hora naquele Estado.
"Estamos acompanhando a pauta entregue ao governo há duas semanas."
No último dia 11, a Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Transportes da Central Única dos Trabalhadores (CNTT-CUT)entregou o
documento ao ministro Miguel Rosseto, com 16 reivindicações - entre elas, a
criação de um programa permanente de financiamento destinado à renovação de
frota de autônomos e a criação de tabela mínima de frete para o transporte
autônomo.
Gilberto Antônio Cantú, presidente do Sindicato das Empresas
de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), afirma que o sindicato
tem se manifestado por meio da mídia e em reuniões com o governo sobre a
situação em que o setor se encontra atualmente.
"Este é um momento complicado para as empresas de transporte.
Os custos têm sofrido um aumento significativo, o mercado está retraído, a
atividade econômica está fraca. Encontramos uma dificuldade grande para
repassar nossos custos e isto é vital para a sobrevivência das empresas. Fazia
anos que não tínhamos um momento tão conturbado."
Fonte: Folha de Londrina